Comemoramos hoje o dia do Santo português mais famoso do mundo e o Santo mais amado do Brasil.
Como não falar dele...
Um grande Pregador e Santo dotado de inúmeras virtudes.
Sua vida está repleta de exemplos a imitarmos e recheada de milagres extraordinários.
Recorramos à ele, pois, muitas são as Histórias de graças alcançadas por seu intermédio.
Sobretudo, o que destaco neste grande Santo português, são as palavras somente de bençãos e de louvor que ele exprimia no seu cotidiano, tanto que, a sua língua encontra-se incorruptível na Itália.
Devemos considerar este fato milagroso, pois que, realmente, somente devem sair da nossa boca, palavras boas e puras para abençoar e assim, nos santificamos nas virtudes e nos modos que, advém das palavras proferidas por nós.
A palavra tem muito poder! E ao sabermos disso, tenhamos muito cuidado com o que falamos!
O português Santo António, por suas virtudes e trabalhos projetara sua figura, história adiante, até aos dias de hoje... E julgamos ainda agora, que a todos nós, os portugueses, nunca nos fará mal lembrar esta verdade, seja de quem for a letra em que anda expressa:
«A história é, sobretudo, lição e exemplo. Cuidamos das raízes para aumentar os frutos.
Porque a Nação não é apenas uma grande comunidade no espaço, é também uma comunidade no tempo. A sua alma alimenta-se do fogo das gerações idas: perguntemos aos mortos com que virtudes hão de vencer os vindoiros».
E só neste intuito se faz a transcrição.
A Igreja Católica tem também o seu protocolo para distribuição e celebração das suas festas. Dele fazia parte veneranda tradição de comemorar ou solenizar os seus santos (ou seja, os fiéis que, por suas eminentes virtudes, mereceram ser lembrados, em festa, ao Povo de Deus, como exemplos de virtude a imitar) somente no aniversário da sua morte, quando, caídos nos braços de Deus, nasceram para a vida de eterna bem-aventurança.
Excetuavam-se, apenas, a Virgem Santa Maria, concebida sem mancha do pecado original, e o Precursor S. João Baptista santificado pelo Verbo de Deus feito carne no seio da Virgem Santa Maria quando, da visita desta a S. Isabel sua mãe, ele ainda nascituro em seu ventre pulou de alegria. Estes dois, sim, nascidos já em graça de Deus, tinham a sua festa no aniversário do dia em que nasceram.
Porque em certas localidades, esquecido o protocolo, se ia introduzindo o costume de se celebrarem os santos seus patrícios, com solenes festejos litúrgicos, no centenário do dia em que haviam nascido, a Sagrada Congregação dos Ritos, por seu Decreto de 19 de Dezembro de 1893 sancionado a 21 pelo papa Leão XIII, reprovou o costume, urgindo pelo cumprimento das leis protocolares.
Não consta do decreto, mas penso que não será temerário pensar-se que a Congregação, ao ver aproximar-se o dia 15 de Agosto de 1895, tido como o Dia Centenário do Nascimento de Santo António, nesta intenção o publicou: a de impedir celebrações desse centenário, que já se falava por algumas partes lhe queriam fazer.
E o certo é que, dentro do rigor do protocolo eclesiástico, a Santa Sé não publicou qualquer documento solene a anunciar o centenário, e nas festas cívicas com que por muitas bandas foi solenizado e às quais as igrejas locais de modo nenhum poderiam estar ausentes, o dia 15 de Agosto foi dia sem qualquer solenidade litúrgica, e as festas religiosas, embora de mais pompa do que no comum dos tempos, foram celebradas ou no dia 13 do mês de Junho em que se celebra a Festa Litúrgica da Morte do Santo ou noutros dias da quadra de Junho em que se celebram as Festas dos Santos Populares.
Todavia a ocorrência não deixou de ser para Santo António um dos momentos mais imponentes da sua glorificação, pois, foi aproveitada para tornar pública uma frase do papa Leão XIII proferida em conversa familiar e amiga, havida não havia muito com o Pe. António Maria Locatelli, que foi precisamente quem nesse ano centenário de 1895 começou a melhor das publicações que ainda hoje temos da obra literária do Santo.
Vamos aproveitar o pequenino trecho em que Carlos das Neves, entre nós, revelou a frase pontifícia, no largo prefácio com que abriu o primeiro volume nesse mesmo ano por ele editado, da obra que intitulou «O Grande Taumaturgo Santo António de Lisboa»:
«Receamos que nos seja possível emoldurar em pequenas proporções a figura épica do nosso protagonista (Santo António), deste génio luminoso que não só é o maior astro que fulge na constelação gloriosíssima do Angiológico português, mas também um dos luminares que mais se impõe à veneranda homenagem do mundo inteiro.
Assim o dissera, há anos, Leão XIII ao sábio diretor das Obras Pias Antonianas, Dr. Pe. António Maria Locatelli, em audiência particular. Eis o importante diálogo entre o Sumo Pontífice e o nosso respeitável amigo Rev.mo Dr Locatelli:
- «Donde sois vós? - De Pádua, Santíssimo Padre. - De Pádua? Que felicidade! Amais, pois, muito o vosso Santo, o vosso grande Santo António? - Oh, se o amo, Santíssimo Padre! Pois eu nasci e eduquei-me próximo do seu túmulo, e tenho a felicidade de possuir o seu nome. - Pois, meu filho, vós não o amais ainda bastante! É preciso amá-lo e fazê-lo amar, porque Santo António, sabei-o bem, não é somente o Santo de Pádua, é o Santo do Mundo Inteiro «Il Santo di tutto il nundo».
Este diálogo glorificante, diz Carlos das Neves que foi publicado, a primeira vez, pelo Pe. Marie-Antoine no seu «Les grandes Gloires de Saint Antoine», e que daí o traduziu. E a frase, assim singelamente atirada em conversa familiar pelo papa Leão XIII que conhecia os valores da Cristandade, tão bem se ajustava ao pensar de todos os fiéis, que logo corre mundo, e por toda a parte, desde então, se vem repetindo com razão que Santo António de
Pádua ou Santo António de Lisboa é o «Santo de todo o mundo».
E nela se firmava o então patriarca de Lisboa, cardeal D. José Sebastião Neto, quando a 5 de Maio desse ano de 1895, em Carta Pastoral a todo o clero e fiéis do seu Patriarcado anunciava a imponência especial que nesse ano desejava dar á costumada festa com que todos os anos a cidade de Lisboa homenageava o seu compatrício, por estas palavras:
«A gratidão, que é um dever, incumbe aos indivíduos e às nações.
«Louvar e engrandecer quem se tornou benemérito da Religião e da Pátria, avivar a sua memória, recordar os seus benefícios, repetir as suas lições, propor os seus exemplos, fazer que não esqueçam os seus ensinamentos, é grato e nobre sentimento do coração humano, que a Religião, mãe de quanto é grande e sublime, gostosamente abençoa e consagra.
«É, por isso, que Nós, diletíssimos filhos, que nada temos tanto a peito como o promover e secundar aquelas manifestações, que são o brilhante cortejo da nossa Fé de católicos, e que revelam o precioso quilate da nossa alma crente de portugueses, não podíamos ficar indiferentes perante a extraordinária comoção que, a esta hora, subleva o mundo inteiro, ao aproximar-se o VII Centenário do Nascimento da Ínclita Glória de Lisboa, o portentoso
Taumaturgo Santo António.
«Não é somente esta heroica cidade, que se imortalizou com dar-lhe o berço, e Pádua feliz, que enriqueceu com os seus despojos, que, em santa emulação, anseiam por, mais uma vez, cingir a fronte daquele a quem veneram como seu mais augusto senhor e protetor, com novas auréolas de amor, de festas deslumbrantes e regozijos nacionais nunca vistos.
«É toda a Itália, que o ama como seu libertador, e lhe confia as suas cidades e castelos. É a França, que o venera como seu apóstolo, orgulhosa de possuir as suas relíquias.
É a Espanha, que lhe erige monumentos. São as Américas, a África e a Ásia, que, ao receberem a Fé de Jesus, com a civilização da Europa, acharam em António o mais
brilhante e irrefragável testemunho dessa Fé e o paladino mais ardente da civilização. É, numa palavra, o mundo inteiro, porque em todo ele ressoa a fama altissonante de António, todo ele é teatro das suas maravilhas, todo ele confia na sua proteção e lhe é devedor de extraordinários benefícios.
«Por esta razão o glorioso Leão XIII, felizmente reinante, eco dos Romanos Pontífices seus predecessores, que decretaram a António as primeiras honras dos altares, proclamou o filho de Lisboa o Santo de todo o mundo!
António pertence a todo o mundo, porque todo o mundo é de António, por direito de conquista».
Conquistou-o a Bondade que lhe encheu a alma e a vida, a diligência com que acudiu e acode ainda a quantos sofrem, a quantos precisam de um conselho, de um amparo, de uma proteção. Sabem-no no Céu os fiéis e até alguns dos infiéis que de qualquer modo vieram no seu conhecimento, e sabem que a Bondade do seu coração continua atenta às desgraças e misérias dos que peregrinam na Terra, e não se esquecerá de interceder perante Deus a pedir remédio.
Introdução de Claudia Pimentel dos Conteúdos Católicos
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