Tu, que conheces a vida do Senhor, sabes perfeitamente que Jesus Cristo quis unir numa
mesma página do Evangelho a mansidão a humildade. Ele to recorda agora com a sua voz amiga e com palavras claras: «Aprendei de Mim, que Sou manso e humilde de coração e encontrareis paz para as vossas almas». Como vês, a mansidão e humildade são duas virtudes que devem permanecer unidas no nosso coração, duas irmãs que vivem a mesma vida, dois metais preciosos que se fundem completando-se, um com a sua solidez, outro com o seu raro esplendor. Dois aspetos muito positivos e muito viris da nossa vida interior; com a humildade ganhamos o coração de Deus; com a mansidão, atraímos os nossos irmãos e conquistamos os seus corações.
Agora que meditamos na presença de Deus, quero dizer-te que esta virtude é para todos, também para ti. Todos precisam muito dela, já que a vida é uma contínua relação com os outros, uma convivência, uma série de relações, a ocasião de encontros de todo o género. A tua família, os teus irmãos, os amigos; as tuas relações profissionais e sociais; os teus superiores, os teus iguais, os que estão sujeitos a ti: é aqui que o Senhor te espera. Em todas estas relações e encontros deve resplandecer a tua mansidão cristã. Se souberes ungir o teu caráter com a força e vigor desta virtude, o teu coração assemelhar-se-á ao coração de Cristo: «Sou manso e humilde de coração».
O sacerdote deve ser humilde para ter paciência e caridade cristãs no trato com as almas
e assim ser eficaz; a mãe cristã garantirá a educação, forte e duradoira, dos seus filhos se
souber exercitar-se na mansidão; na intimidade da família reinará a paz se as relações mútuas desenvolverem num clima de mansidão; e se as relações profissionais e sociais decorressem sob o signo desta virtude, seriam bem diversas, e muitos, que procuram inutilmente a paz por outros caminhos, não tardariam a encontrá-la.
Todos somos facilmente inclinados a pensar que se chega mais longe na prática do bem com gritos e ordens perentórias, que a educação se garante com ameaças e modos bruscos, que o respeito se obtém elevando a voz e usando modos autoritários. Mas então que lugar ocupará nas nossas vidas a mansidão cristã? Porque motivo Jesus a recomendou no Evangelho?
Quantas vezes a própria vida se encarregou de te dar uma resposta a estas interrogações, ensinando-te que a eficácia se esconde quase sempre por detrás da mansidão de Cristo, que o bem é o fruto daqueles que procuram e sabem encontrar palavras claras e amáveis, utilizá-las numa conversa serena e persuasiva, e ungi-las com o bálsamo das boas maneiras.
Quantas vezes a experiência te fez compreender que as correções e as censuras, feitas sem mansidão cristã, fecham o coração da pessoa que as deve receber, porque não podemos esquecer nunca que, quando deixamos de ser pai, irmão, amigo para o nosso próximo, tudo o que sai dos nossos lábios traz fatalmente consigo mesmo o germe da esterilidade.
Procura sempre ― por meio da mansidão cristã, que é amabilidade e afabilidade ― ter
nas mãos os corações das pessoas que a Providência divina pôs no caminho da tua vida e
recomendou aos teus cuidados. Se perdes o coração dos homens, dificilmente poderás
iluminar-lhes as inteligências e conseguir que as suas vontades sigam o caminho que lhes indicas. Meu amigo, tu, se sentes nos teus braços e no teu coração a responsabilidade de outras almas, o peso de outras vidas, não deves perder nunca de vista que a confiança não é coisa que se imponha, mas algo que se inspira. E sem a confiança das pessoas que te circundam, que colaboram contigo e que te servem, como será amarga a tua vida e infecunda a tua missão!
A mãe cristã compreenderá muito bem estas palavras pensando na educação dos seus filhos, o sacerdote meditando no bem das almas que dirige ou daqueles que lhe prestam a sua colaboração, e o próprio diretor de um escritório ou de uma fábrica se deterá a pensar na tranquilidade dos seus empregados e dos seus subalternos.
O teu mau génio, as tuas reações bruscas, os teus modos pouco amáveis, as tuas atitudes
desprovidas de afabilidade, a tua rigidez (tão pouco cristã!) são a causa de que te encontres
só, na solidão do egoísta, do homem amargo, do eterno descontente, do ressentido, e são
também a causa de que à tua volta, em vez de amor, haja indiferença, frieza, ressentimento e desconfiança. É preciso que, com um temperamento afável e compreensivo, com a mansidão de Cristo misturada na tua vida, sejas feliz e faças felizes todos os que te circundam, todos os que se encontram no caminho da tua vida. À tua passagem, deves deixar o bónus odor Christi (o bom odor de Cristo): o teu sorriso habitual, a tua calma, o teu bom-humor e a tua alegria, a tua caridade e a tua compreensão. Deves assemelhar-te a Jesus, «que passou fazendo o bem». Aqueles que desconhecem a mansidão de Cristo deixam atrás de si uma nuvem de descontentamento, um rasto de animosidade e de dolorosas amarguras, uma sequência de feridas não cicatrizadas; um coro de lamentos e uma quantidade de corações fechados, por um tempo mais ou menos longo, à ação da graça e à confiança na bondade dos homens.
Pergunta-te a ti mesmo, num sincero e luminoso exame de consciência, o que tens deixado
atrás de ti até este momento: os que te consideraram como pai, irmão, amigo, aqueles que te trataram como superior, chefe ou companheiro, todos esses, o que é que receberam de ti? O que é que permaneceu nas suas almas depois de te haverem encontrado?
Tu que concebes toda a tua vida em função do apostolado, não podes deixar de pensar no que Jesus promete numa das bem-aventuranças: «Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra». Ser manso é possuir a terra, e essa é a primeira condição para darmos glória a Deus e levarmos a paz aos homens.
Se tu e eu, que queremos que a nossa vida se consuma na prática do bem, não sabemos possuir a terra, atraindo os corações, como poderemos levá-la a Deus? Antes de tentarmos fazer santos todos aqueles a quem amamos, é preciso que os tornemos felizes e alegres: nada prepara melhor a alma para a graça do que a alegria.
Sabes perfeitamente ― quero apenas recordar-to ― que, quando tens entre as mãos os
corações daqueles que queres tornar melhores e os sabes atrair com a mansidão de Cristo, já percorreste metade do teu caminho apostólico.
Quando te têm afeto e confiam em ti, quando se mostram contentes, o terreno está preparado para a sementeira. Os seus corações abrem-se, como terra boa, para receberem o branco trigo da tua palavra de apóstolo, de educador. Se souberes falar sem ferir, sem ofender, mesmo que devas corrigir ou repreender, os corações não se fecharão. De outro modo, as tuas palavras esbarrarão contra um muro maciço, a tua semente não cairá em terra fértil, mas sim na berma da estrada, da indiferença ou da falta de confiança, de um espírito mal disposto, «entre espinhos» de um coração ferido, ressentido, cheio de rancor.
Nunca percamos de vista que o Senhor prometeu a Sua eficácia às caras alegres, aos modos afáveis e cordiais, à palavra clara e persuasiva que dirige e forma sem magoar: Não devemos esquecer nunca que somos homens que tratam com outros homens, mesmo quando queremos fazer bem às almas. Não somos anjos. E por isso a nossa fisionomia, o nosso sorriso, os nossos modos são elementos que condicionam a eficácia do nosso apostolado. Não podemos terminar sem pedir a Maria, Mater amabilis («Mãe amável») que nos fite com os seus olhos misericordiosos: «Vossos olhos misericordiosos a nós volvei». Sob o olhar de uma Mãe tão amável, compreenderemos muito bem o valor, a necessidade e a eficácia da mansidão cristã.
Salvatore Canals em sua Obra: "Ascética Meditada".
Por mais que algo nos irrite, não ajamos irrefletidamente para não termos que ofender e nem nos arrepender depois.
Como é de extrema importância que, tenhamos sempre as palavras de Jesus em nossos corações e em todas as ocasiões. Como a nossa Mãe Santíssima meditava sempre em Seu coração em meio aos afazeres e situações que passava.
O maligno, como é astuto, está sempre à espreita de nos atacar e devemos nos munir das palavras eternas que são luz à nos guiar.
Não atuemos por impulso, pois que, isso nos trás consequências dolorosas muitas das vezes.
É importante vivermos pedindo ao Divino Espírito Santo a sabedoria e essa mansidão tão necessária à uma vida cheia de virtudes.
Finalização de Claudia Pimentel dos Conteúdos Católicos
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Não há nada de errado em curtir a mansidão de um relacionamento que já não é apaixonante, mas que oferece em troca a bênção da intimidade e do silêncio compartilhado, sem ninguém mais precisar se preocupar em mentir ou dizer a verdade. Que está publicação da Mansidão, nos ensine a vivenciar as coisas da vida.