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Como Deus torna fecunda a vida da alma a Ele abandonada

O verdadeiro abandono consiste em ser, nas mãos de Deus, um instrumento absolutamente dócil. Quanto mais a alma está desapegada de si e de todos os seus gostos pessoais, mais se torna manejável, por assim dizer flexível, e, por conseguinte, mais apta para promover a glória de Deus.

O serviço que os homens prestam à causa divina não é, geralmente, o que se vê. O reino de Deus, ainda que exista neste mundo, não é deste mundo: é espiritual e, portanto, oculto. Muito do que julgamos ver em volta de nós não passa de aparência. Muitos dos personagens que neste mundo parecem ocupar um lugar importante, dirigir os negócios, favorecer ou combater interesses, são meras sombras que passam um instante pelo cenário para dar lugar a outras sombras.

Mas o pano não se levanta e a peça principia sem que os verdadeiros atores se mostrem. E este cenário é imenso. Encerrados como estamos entre horizontes limitados, apenas perce-

bemos alguns detalhes. Como, pois, nestas condições, apreciar o papel que Deus reserva a cada um? Porque só Ele distribui os papéis, e os adapta ao conjunto, e os faz convergir para o fim, só dEle conhecido.

Como nos enganamos supondo a nossa vida sem utilidade e estéreis os nossos esforços, só porque o êxito não os veio coroar! Há homens eminentes votados ao serviço do bem, quer

no mundo quer no claustro, cujos empreendimentos aparentemente falharam. Podem citar-se homens de Estado, políticos, bispos e sacerdotes que passaram a vida inteira em combate, sem sucesso, ideias reinantes, influências preponderantes, projetos cujo triunfo já estava, de antemão, assegurado. A sua existência de luta foi uma derrota permanente, uma absoluta ruína das suas esperanças mais legítimas.

Contudo, ninguém triunfou tanto como esses homens sempre vencidos, ninguém teve um êxito tão verdadeiro como esses heróis sempre inflamados, sempre derrubados pela violência, ninguém prestou tantos serviços à causa da verdadeira civilização e da Fé como esses eternos derrotados. O seu devotamento, na aparência estéril, foi o peso que, com o tempo, fez pender a balança para o lado da justiça oprimida, da virtude caluniada, da inocência perseguida.

Assim viveram estes povos esmagados desde séculos pelos soberanos tirânicos. As lágrimas, os sofrimentos, a obstinação em arrostar com o exílio, os castigos, o martírio, à semelhança dum rio subterrâneo por muito tempo contido, transbordaram um dia, e o gigante que se julgava invencível, é abatido, minado pelos alicerces.


Assim triunfou o Cristianismo sobre a perseguição pagã, assim vem triunfando sobre a violência do poder civil, a heresia e sobre os defeitos de seus filhos. As renúncias, as lágri-

mas vertidas, as dedicações multiplicadas por esta santa causa, ainda que aparentemente estéreis, subiram e subirão sempre até o trono de Deus, rodeando-o como um exército invencível.

E aqueles que se julga votados a uma eterna derrota, serão os vencedores da incredulidade, os purificadores da vida religiosa e os salvadores da dignidade humana.

O que nos maravilha, pela sua evidência, nos grandes fatos da história, realiza-se em segredo na vida de cada alma. Aquele que se julga destinado a um perpétuo insucesso, é quem mais vitórias conta aos olhos de Deus; aquele que se tem por incapaz de grandes feitos é, sem que o saiba, escolhido pelo Mestre soberano para lançar as bases das Suas obras mais belas; aquele que se lamenta em segredo da inutilidade da sua vida, torna-se

instrumento de salvação para milhares de pecadores; aquele cujos empreendimentos são contrariados, cujas intenções são condenadas, cuja existência é despedaçada como uma pedra que se esmaga, torna-se a rocha firme, a pedra angular, sobre a qual Deus levantará o edifício da sua glória.

Sem dúvida, esses homens e mulheres nem sempre serão as felizes testemunhas desses triunfos, os espectadores agradecidos dessas ressurreições. Deixarão talvez esta terra esmagados sob o peso dos seus reveses e desilusões, mas Deus vela e acolhe os seus esforços. Virá um dia em que recompensará os seus sacrifícios e o tempo em que fará que a semente produza fruto centuplicado.

Algumas destas desconcertantes fecundidades são-nos relatadas pela história. Sabemos como simples operários, jovens ignorantes, religiosas desconhecidas, homens desprovidos de influência e de bens temporais, se tornaram fundadores ou propagadores de obras imensas, prodigiosamente úteis à Igreja.

Mas, ao lado destes fatos que Deus quis dar-nos a conhecer, quantos há que Ele guarda em segredo, mesmo aos olhos da alma que deles foi a protagonista!

Cada alma interior, abandonada à Providência é dócil à Sua inspiração, torna-se um centro de influência cujos raios se projetam e se prolongam sem fim. A oração, o exemplo, os atos de um coração simples produzem uma irradiação de graças cujos efeitos se comunicam a um número de almas cada vez maior, alargando sempre o seu círculo à medida que se afastam de sua origem.

As relações das almas entre si, a sua dependência recíproca, a influência que exercem continuamente umas sobre as outras, para o bem ou para o mal, são-nos quase inteiramente

desconhecidas. Apenas sabemos por alto que Deus as santifica umas pelas outras, que concede às almas imperfeitas, fracas ou pecadoras, luzes e forças em atenção aos méritos daquelas que lhe são caras, que aceita o sacrifício heroico de certas almas para converter determinado pecador, afastar um flagelo da Igreja, apressar a conversão de uma nação. Mas os pormenores destas mudanças misteriosas, destas influências secretas e desta solidariedade ficam para nós na sombra.

Que espetáculo arrebatador não seria conhecer a história íntima de uma única alma fiel que fosse, saber o seu grau de docilidade à ação divina e o resultado fecundo da sua entrega a Deus; descobrir a influência sobrenatural que exerce sobre cada uma das almas com quem está em contato e seguir-lhe o desenvolvimento e as ramificações pouco menos que infinitas!

Mas, para que este conhecimento? Não serviria senão para estimular uma vã curiosidade. Senhor! Basta-me saber que Vos pertenço inteiramente e que tereis o cuidado de tornar fecunda a minha vida.

O meu papel é ocultar-me em Vós e amar- Vos sempre mais. O vosso é tirar da minha pessoa, que diante de Vós não passa de um nada, toda a glória que possa conter para o vosso Santo Nome.


José Schrijvers


Valorizar a preciosidade que é se deixar transformar por Deus, no abandono total à Ele, deve ser a maior e única ambição da alma.

Certas coisas são necessárias para se viver bem, porém, quem tem sede de Deus e numa entrega constante ao Senhor, se alimenta Dele e se molda Nele; e, de facto, reconhece que não é NADA sem Ele. Ele nos sustenta e nos abastece de tudo o que carecemos espiritualmente e FELIZ é aquele que procura viver esse amor recíproco diariamente, pois que, Ele se dá à cada um de nós por inteiro e espera que O busquemos incessantemente.

Ele se faz presente nas Sagradas Escrituras, na Missa e nos Sacramentos da Igreja que é VIVA e celebra a Sua união connosco por estes meios maravilhosos e transbordantes de graças à quem à eles recorrer.

No abandono filial, sem reservas, Ele habita nesse coração sedento do Seu amor que renova todas as coisas.

A sede que Jesus sentiu do alto da Cruz, que revelou a Sua sede de almas, e que cada um de nós a temos também, no íntimo da alma por Ele, deve ser saciada no abandono para que seja fecunda a vida da alma.


Finalização de Claudia Pimentel dos Conteúdos Católicos


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